A Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo, após audiência pública realizada na manhã desta quinta-feira (13), decidiu encaminhar ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) pedido de agilização no processo de credenciamento técnico de laboratório para exame de enfermidades animais no Rio Grande do Sul. A principal preocupação são os casos de mormo detectados no estado. O mormo é uma enfermidade infecto-contagiosa que ataca equídeos e seres humanos, causada por bactéria. 

 

Além da solicitação ao MAPA, os deputados entenderam importante a realização de encontro dos inspetores sanitários gaúchos para que eles recebam mais informações sobre as normas técnicas de combate à doença, a serem difundidas em suas regiões. Por último, os deputados defenderam a criação de um fundo com a finalidade de complementar ações de desenvolvimento e defesa sanitária de equinos.

 

Coordenada pelo deputado Adolfo Brito (PP), a audiência pública ouviu inicialmente o diretor de defesa agropecuária da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Estado, Fernando Groff. Ele explicou as ações da Secretaria para evitar a proliferação da doença. Desde o primeiro caso da doença, registrado em Rolante no mês de junho, o produtor deve apresentar o exame de negativo para Mormo para conseguir a emissão da Guia de Transporte Animal (GTA), em razão de uma normativa do Ministério da Agricultura. “Além dos trabalhos realizados junto à propriedade afetada e acompanhamentos de outros casos relatados, mas não diagnosticados, a nossa prioridade é a exigência da GTA e do exame de negativo do Mormo tanto para o trânsito quanto a participação de animais em eventos com aglomeração”, esclareceu Groff.

 

O diretor afirmou, ainda, que a nova realidade no RS causou dúvida sobre como proceder em eventos onde tradicionalmente há participação massiva de equinos. “Mesmo assim, não cancelamos, nem proibimos eventos como desfiles Farroupilha, rodeios e cavalgadas”, relatou.

 

Já o veterinário Gustavo Diehl, coordenador do Programa de Sanidade de Equídeos (PNSE), da Secretaria da Agricultura, acrescentou que desde o primeiro caso em Rolante foram realizados cerca de 6 mil exames em todo o Rio Grande do Sul. Dos exames realizados, 11 foram positivos (suspeitos) e foram encaminhadas novas coletas para contraprova no laboratório oficial do Ministério da Agricultura em Pernambuco, de onde ainda não retornaram. As suspeitas foram registradas em diferentes regiões do estado como Litoral Norte, Fronteira Oeste e no Noroeste. Não havendo nenhum caso positivo no período de seis meses desde o primeiro foco, o Estado pode requerer ao Ministério da Agricultura retorno do status anterior de livre do mormo, sem mais ter a necessidade de exigir o exame, prazo esse que se encerra no início de dezembro.

De acordo com o presidente da Comissão, os principais problemas enfrentados pela falta de um laboratório habilitado pelo MAPA no Estado são o alto custo e a demora no resultado dos exames. Segundo o representante do Ministério, Bernardo Todeschini, atualmente existem 19 laboratórios credenciados no Brasil, sendo dois de referência, localizados em Pernambuco e no Pará. O custo do exame varia, em média, entre R$ 45 e R$ 85.

 

O Sindicato dos Médicos Veterinários no Estado do Rio Grande do Sul (Simvet/RS) esteve representado pelo seu delegado João Junior. A entidade mantém a posição desde o início e já divulgada amplamente pela mídia de que o combate à enfermidade deve ser intensivo, pois se trata de uma zoonose e pode, além de prejudicar a saúde dos equinos, também ser nociva à saúde humana.

 

O mormo 

 

O mormo é uma bactéria que ataca equídeos (cavalos, mulas e asnos) e seres humanos. A gravidade da enfermidade se dá por vários motivos. O primeiro é que não há vacina para combatê-la. Uma vez diagnosticado o animal como positivo, a única saída é seu sacrifício. Mais grave ainda é que ela pode ser transmitida para o ser humano e também não há cura, em 100% dos casos leva à morte. Os principais sintomas são febre, úlceras na mucosa nasal, descarga nasal purulenta ou sanguinolenta, abscessos nos linfonodos e dispneia.

 

Com informações da Agência de Notícias da Assembleia Legislativa