Simpósio discute a qualidade e o mercado do leite gaúcho
A coordenadora nacional do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e Tuberculose Bovina (PNCEBT), a médica veterinária Gabriela Bicca da Silveira, abriu nesta quinta-feira (28/05) o 5º Simpósio do Leite: Qualidade e Mercado, que abordou nesse primeiro dia a qualidade do leite gaúcho. O evento, que está ocorrendo no auditório da Secretaria da Agricultura e Pecuária, no Parque Estadual de Exposições Assis Brasil, em Esteio, foi promovido pelo Sindicato dos Médicos Veterinários no Estado do Rio Grande do Sul (SimvetRS), Associação dos Criadores de Gado Holandês (Gadolando), Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul (CRMV-RS) e Secretaria da Agricultura e Pecuária.
Gabriela abordou o tema “Avanços do Programa Nacional de Controle de Tuberculose e Brucelose”, que foi instituído em 2001 pelo do Ministério da Agricultura e do Abastecimento (Mapa) com o objetivo de diminuir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde humana e animal, além de promover a competitividade da pecuária nacional. O programa está passando por mudanças e as pessoas do setor podem fazer sugestões, no site do Mapa. “A principal alteração é que os Estados passam a ser classificados por áreas de acordo com o risco”, afirma a presidente do SimvetRS, Maria Angelica Zollin de Almeida.
Na sequência, o médico veterinário Rodrigo Etges, da Secretaria da Agricultura e Pecuária, apresentou as estratégias para a redução do risco de contaminação e disseminação da tuberculose em bovinos. Ainda no turno da manhã, as médicas veterinárias Ana Lúcia Stepan, do Mapa-RS, e Martha Brandão, do Senai-RS, falaram sobre a implantação do PAS Leite e a melhoria da qualidade do leite gaúcho e a metodologia do PAS Leite Campo, respectivamente.
O simpósio segue nesta sexta-feira, abordando o tema mercado. Às 9h, a pesquisadora Rosângela Zoccal, da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora (MG), fala sobre “Análise e perspectivas do mercado do leite”. Às 9h50min, o presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios do Estado do Rio Grande do Sul (Sindilat-RS), Alexandre Guerra, abordará o tema “O papel da indústria na conquista de mercados”. Às 11h, a veterinária Beatris Kuchenbecker, do Mapa, falará sobre “Requisitos legais para exportação”.
O registro de um caso de Mormo no município de Rolante (RS) deixou em alerta as autoridades sanitárias gaúchas, não só as que trabalham com saúde animal. A enfermidade é uma zoonose por ser transmitida ao homem e não existe vacina para evitar a sua propagação. O Ministério da Saúde e as leis nacionais não permitem o tratamento, uma vez que o animal infectado se tornará portador da doença e pode disseminar o Mormo.
O Sindicato dos Médicos Veterinários no Estado do Rio Grande do Sul (Simvet/RS) alerta para a necessidade de ações de prevenção. Os animais que apresentam teste positivo para o Mormo devem ser sacrificados, os utensílios utilizados no equino precisam ser queimados e o local onde vivia tem que ser desinfectado.
O médico veterinário João B.Pereira Jr afirma que o Ministério da Agricultura já está tomando as medidas necessárias para evitar a disseminação da doença. Uma delas é a exigência do atestado negativo para Mormo para ter a Guia de Trânsito Animal (GTA) liberada. Para que a doença não se alastre é muito importante que nos próximos eventos, os médicos veterinários responsáveis trabalhem da melhor forma possível exigindo a GTA para que os cavalos tenham o exame do Mormo, salienta.
Uma vez instalada a enfermidade no animal, a propriedade ou o centro de treinamento em que ele se localiza é interditado e todos os animais devem ser testados, como foi feito pela Secretaria da Agricultura no criatório em Rolante. Entre 30 a 45 dias é preciso ser feita a segunda prova e em caso negativo, a propriedade será liberada. O médico veterinário do Simvet/RS salienta que ainda não é conhecida a forma como a doença chegou ao município gaúcho. Pereira Junior informa que por pelo menos 120 dias o Rio Grande do Sul vai permitir retirada de GTA apenas com exame do Mormo.
Transmissão
O Mormo é provocado por uma bactéria que pode contaminar qualquer tipo de equídeo, seja cavalos, mulas ou burros. O médico veterinário Pereira Jr explica que o contágio se dá por meio das secreções, como pus, corrimento nasal, urina, fezes e sêmen. Salienta que as pessoas que trabalham com os animais devem usar luvas e máscaras para evitar a possibilidade de contágio. É preciso tomar muito cuidado pois os sintomas são semelhantes aos que aparecem nos equinos, observa.
O médico veterinário reforça ainda que, como não existe vacina, para evitar a disseminação da doença é necessário manter os animais com cochos individuais para comida e água, e não aproveitar utensílios já utilizados, como seringas e agulhas, que possam conter secreções de outros animais. Lembra que é obrigatória a comunicação ao Ministério da Agricultura quando surgem suspeitas de Mormo.
Dados do Ministério da Agricultura indicam que só em 2015 já foram registrados 155 casos de Mormo em 12 estados brasileiros, enquanto que em 2014 foram informadas 202 ocorrências da enfermidade.