Formado pela Escola de Veterinária da Universidade Federal Fluminense, de Niterói (RJ), em 1973, Victor Emmanoel Vieira Saraiva, de 65 anos, se destacou em sua carreira pelo trabalho de erradicação da febre aftosa, doença viral altamente contagiosa que afeta especialmente bovinos de corte e de leite e suínos. Em setembro de 1973, ele foi trabalhar como veterinário no Plano Nacional de Combate à Febre Aftosa (PNCFA). Atuava no Estado da Bahia, como encarregado das informações zoosanitárias. Depois, foi transferido para Brasília, na coordenação nacional do PNCFA.

 

Em 1982, Saraiva recebeu o M.Sc. em Epidemiologia Veterinária da Texas A&M University. Em 1987, foi transferido para o Centro Pan-Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), em um programa de cooperação com o Ministério da Agricultura (Mapa). Depois, fez concurso para o cargo de veterinário de país da OPAS na Colômbia, onde atuou por cinco anos. Transferido de volta ao Rio de Janeiro, em 1994, ficou no Panaftosa até a aposentadoria, em 2010, e atualmente está em licença de saúde no Mapa.

 

O médico veterinário diz que o processo de suspensão da vacinação é o caminho normal de todo programa de erradicação da febre aftosa, o que no caso do Brasil, tem sido coroado de êxitos. Esta decisão, porém, deve levar em conta alguns pontos, além da determinação política de levantar a imunização. “Estes pontos têm a ver com a qualidade do sistema de vigilância e combate à doença em vigor no Estado e nos Estados/países vizinhos. A decisiva participação dos atores sociais envolvidos, a segurança dos recursos de toda a ordem envolvidos na manutenção desse novo e almejado status e da elaboração de um dossiê que relate fielmente esta situação”, salienta. 

Saraiva ressalta que, no caso do Paraná, que pretende suspender a vacinação em 2016, será de vital importância a vigilância das suas fronteiras com áreas de situação sanitária diferente. “Não conheço o projeto, mas acredito que, com a experiência do Mapa e da administração sanitária estadual, esse processo será bem conduzido”, avalia. 

 

Ele faz a mesma recomendação ao Rio Grande do Sul, que estuda seguir os passos do Paraná. “A tradição do RS no programa de erradicação - primeiro Estado a estabelecê-lo em 1962 - é uma garantia de sucesso, mas, na minha experiência na avaliação de projetos de erradicação em vários países, como membro do Grupo Adhoc da OIE, posso dizer que é um êxito difícil de manter, requer grandes inversões de recursos e uma determinação política de mantê-lo”, completa.