A graduanda em Medicina Veterinária Luiza Machado Terra participou de um intercâmbio de graduação sanduíche no exterior. Integrante do Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeia Produtiva (Nespro), ela permaneceu durante um ano na Inglaterra, onde, entre outras atividades, estagiou em uma fazenda de ovinos e acompanhou o trabalho de um médico veterinário.

Essa última atividade ocorreu em julho do ano passado. Durante três dias, Luiza pode acompanhar o trabalho de um médico veterinário autônomo, que também prestava serviços terceirizados ao governo da Inglaterra. Ela apenas observou o profissional, já que ao contrário do que ocorre no Brasil, no Reino Unido os estudantes não podem auxiliar os médicos veterinários.

O veterinário era contratado pelo governo britânico para atuar no controle e prevenção da tuberculose, que está endêmica no Reino Unido. “Ele atuava fazendo teste de tuberculinização nas fazendas da região. O atendimento era financiado pelo governo, portanto, gratuito para o pecuarista”, conta Luíza. O profissional, formado há 30 anos na Universidade de Cambrige, atendia principalmente animais de grande porte, sendo a maioria dos atendimentos a cavalos em treinamento de hipismo.

Como os animais vivem em uma ilha, o controle sanitário e medicina preventiva são muito presentes e eficientes, o que reduz o surgimento de doenças infecciosas. As doenças mais incidentes são aquelas ligadas ao desbalanço fisiológico pela alta produtividade, como a febre do leite em gado leiteiro, sublinha a integrante do Nespro. A produção pecuária varia de semi-intensiva a intensiva, sendo suínos e aves altamente tecnificados e intensivos, seguidos da produção leiteira e só então pecuária de corte (bovinos e ovinos), que são menos tecnificados. Os sistemas para bovinos e ovinos são de pastejo nos meses quentes e confinamento nos meses frios. Os animais têm alta adaptação à região em que são produzidos, sendo mais rústicos nas terras altas e mais produtivos nas terras baixas.

Profissionais valorizados - Luiza diz que, em geral, os veterinários do Reino Unido são muito mais especializados e focados em uma só área. É bastante raro ver veterinários que atuem tanto em animais de grande porte quanto de pequeno porte, segundo ela. “Os veterinários de lá são pragmáticos quanto ao prognóstico e conduta terapêutica dos pacientes, seguindo protocolos baseados na probabilidade de cura e custo-benefício”, afirma, acrescentando que qualquer informação negligenciada pode ser a causa de um processo judicial.

Luíza salienta que os britânicos têm mais recursos financeiros para pagar pelos serviços de um profissional especializado e também têm culturalmente maior preocupação com a saúde e bem-estar dos animais. Aliados à pouca oferta de vagas nas universidades, a Medicina Veterinária se torna altamente valorizada. Um veterinário recém-formado ganha, em média. 25.000 libras por ano, carro e alojamento. “A entrada na universidade, porém, é mais difícil”, revela a graduanda em Medicina Veterinária.